Somos um casal de brasileiros e viemos para o Japão em busca de uma vida melhor. Neste post contamos a nossa experiência!
Viver no Japão: Nossa história

Em 2019 morávamos no interior de São Paulo, vivendo de conta em conta e sem perspectiva de encontrar um trabalho com melhores condições. Apesar de formados no ensino superior, não estávamos conseguindo serviços em nossas áreas. Foi nesse momento que decidimos largar tudo e tentar a vida no Japão.
Não foi uma decisão fácil, pois a insegurança pairava no ar. Será que vamos conseguir um emprego? E o custo de vida? Por onde começar?
E assim, hoje, estamos aqui com a nossa vida totalmente diferente daquela que imaginávamos no Brasil.
Mas afinal, será que valeu a pena?
Tipos de trabalho para brasileiros no Japão

Acredito que assim como em qualquer lugar do mundo, os brasileiros no Japão podem trabalhar em tudo, ou quase tudo, que queiram. Mas, obviamente, depende do grau de escolaridade, conhecimento técnico e principalmente do domínio da língua japonesa.
No geral, grande parte dos imigrantes trabalham em fábricas como operários. Os principais setores são:
- Autopeças;
- Eletrônicos;
- Alimentício.
Entretanto, é possível se deparar com brasileiros trabalhando em outras áreas, tais como: auxiliar de enfermagem, cuidador de idosos, tradutor, construção civil, soldador, serviços de alimentação (bares e restaurantes) etc.
Além desses trabalhos ‘tradicionais’, hoje vivemos num mundo conectado e em constante expansão em meio à internet. Logo, percebe-se uma crescente nesse mercado onde podemos encontrar criadores de conteúdos, editores de vídeos, e-commerce, atendimento online entre outros.
Mas onde procurar um serviço? A primeira opção são as empreiteiras, essas empresas selecionam os candidatos para as vagas oferecidas pelas fábricas, sendo um intermediário entre o funcionário e o contratante final. Além disso, a empreiteira é responsável pela documentação, tradução e suporte ao trabalhador.
Outra alternativa é procurar o atendimento na Hello Work. Oficialmente conhecido como Escritório Público de Segurança no Emprego, esta é uma organização estatal que fornece assistência no emprego. O interessante é que em várias cidades há intérpretes de português, o que facilita na hora de buscar uma oportunidade para trabalhar. A pesquisa é feita de acordo com seu interesse, habilidade, nível de japonês etc.
Custo de vida: morar no exterior é caro?

Antes de falar sobre o custo de vida, é importante ter uma ideia sobre o salário médio no Japão. A média ponderada do salário mínimo entre as províncias é de 961 ienes. Sendo que o valor varia entre ¥920/hora à ¥1040/hora, aproximadamente.
Dentre as fábricas, o setor de autopeças é a que costuma oferecer um salário mais alto para os operários, chegando à ¥1800/hora na região da cidade de Toyota (província de Aichi).
Sendo assim, apesar do custo de vida ser considerado alto, mesmo com um salário médio de ¥1000/hora, é possível viver e pagar as contas básicas do dia a dia. As despesas comuns são: aluguel, água, gás, energia, transporte e alimentação. Fora isso, é comum ter gastos com internet e operadora de celular.
É importante lembrar que, assim como no Brasil, existem alguns impostos obrigatórios a serem pagos no Japão. Os principais impostos são de:
- Renda;
- Consumo;
- Residencial;
- Seguro social de saúde;
- Seguro nacional de saúde;
- Seguro desemprego;
- Previdência social.
Apesar de inicialmente o valor dos impostos assustarem, levando em consideração o retorno que é observado diariamente, acredito que a cobrança é justificável. Evidentemente o Japão não é perfeito, entretanto, em termos de educação, transporte, infraestrutura e segurança o país apresenta índices satisfatórios.
Lembrando que é essencial ter um planejamento levando em consideração o estilo de vida que se deseja usufruir, uma vez que seu orçamento irá variar bastante de acordo com suas metas e objetivos..
Qualidade de vida nas terras nipônicas

Quando conversamos com outros brasileiros, um dos principais elogios ao país é a segurança. Indubitavelmente, o Japão é um país muito seguro para se viver. Apesar de existirem alguns crimes bizarros no histórico no país, dificilmente você será assaltado andando na rua, parado no semáforo ou jogando Pokémon GO.
Outro ponto relevante, é o poder aquisitivo que o Japão proporciona aos seus trabalhadores. Desde que haja planejamento, as pessoas conseguem comprar o que desejam, logo a desigualdade social é relativamente baixa no país. (o que não podemos dizer da desigualdade de gênero, mas esse assunto vai ficar para um próximo post).
Ademais, o transporte público no Japão também é algo admirável. Ele costuma ser limpo, pontual e eficiente. Em especial, o transporte ferroviário é um dos meios de locomoção mais utilizado pela população, pois além de ser rápido, ele se torna uma alternativa para evitar o trânsito que, dependendo da região e ocasião, é extremamente caótico. Inclusive sendo uma boa opção para você que não quer gastar muito tempo (e dinheiro) procurando um estacionamento, já que dependendo do lugar é muito difícil encontrar um local para parar o carro.
Afinal, compensa morar e trabalhar no exterior?
Na nossa opinião, apesar dos imprevistos e diferenças culturais, vale a pena tentar a vida em um novo local, caso esse seja o seu sonho.
Chegamos sem nenhum grande plano, apenas queríamos nos manter no serviço, uma vez que chegamos um pouco antes da pandemia tomar conta do mundo. Dávamos nosso melhor, sempre tendo paciência com a constante cobrança por produção e desorganização no local de trabalho, algo que não imaginávamos que encontraríamos num ambiente de trabalho japonês. Aliás, trabalhamos durante 3 anos numa fábrica de autopeças.
Acreditamos que trabalhar em fábrica de autopeças é uma boa opção para quem queira ficar um tempo no país, juntar dinheiro e voltar para o Brasil. Apesar das horas extras terem diminuído depois da pandemia, com um bom planejamento, foco e disciplina é possível guardar e ter uma reserva de economia.
Como nós pretendemos morar a longo prazo no exterior, decidimos nos dedicar à cursos e tentar oportunidades fora da fábrica. Não posso dar maiores detalhes pois estamos no meio desse processo, mas apesar do medo da mudança, sentimos que precisávamos sair de onde estávamos acomodados e apostar em novos desafios.
Esperamos que nos acompanhe nessa nossa nova jornada de descobertas. Vem com a gente!
